'Vou seguir para que chegue o dia que isso não aconteça com a mãe de ninguém', diz filho de médica da Marinha morta por bala perdida
11/12/2024
Perícia preliminar mostra que disparo atingiu testa da geriatra Gisele Mendes de Souza e Mello, de 55 anos, e ficou alojado na nuca. Médica da Marinha baleada em hospital morreu no dia do aniversário do filho
A médica da Marinha que foi atingida por um tiro dentro do Hospital Naval Marcílio Dias morreu no dia do aniversário de 22 anos do filho caçula, nesta terça-feira (10). O universitário Daniel Mello fez um desabafo nas redes sociais.
"De coração partido, mas com fé que Deus sabe de tudo, vai em paz, mãe. Que seus guias estejam contigo!".
O outro filho dela, que trabalha como assessor jurídico da vereadora Mônica Cunha (Psol), fez um protesto nas redes. Ele questiona: "Quantos mais têm que morrer para essa guerra acabar? Quando vamos mudar os métodos, para finalmente mudarmos os resultados?".
Em seguida, ele cita a insegurança.
"Precisamos entender que ninguém fica seguro em meio a desigualdade social que viola tantas necessidades básicas. Ontem foi minha mãezinha querida. E eu vou seguir dedicando a minha vida para que chegue o dia que isso não aconteça nem com a mãe nem com o filho de mais ninguém", completa ele.
A geriatra, que tinha 55 anos, participava de um evento no auditório do local quando foi ferida por uma bala perdida. Gisele foi imediatamente socorrida e levada para o centro cirúrgico, mas não resistiu e morreu horas depois.
O corpo de Gisele será sepultado nesta quinta-feira (12) em uma cerimônia privada no Cemitério São Francisco Xavier, no período da tarde. O velório será para familiares, amigos e colegas da Força Naval.
Durante o funeral, serão prestadas as devidas honras fúnebres, conduzidas pela Marinha do Brasil.
Uma foto obtida pelo g1 e pela TV Globo mostra a janela da Escola de Saúde da Marinha, que pertence ao Hospital Naval Marcílio Dias com a marca do tiro que atingiu e matou a médica. A imagem da janela pode ser vista no final desta reportagem.
Gisele Mendes, de 55 anos, com o filho
Reprodução/ Redes sociais
Naquele momento, segundo a PM, ocorria uma operação no Complexo do Lins, a metros da unidade de saúde, para prender criminosos envolvidos em roubos de veículos na região do Grande Méier.
A corporação informou que os agentes foram atacados por criminosos na comunidade do Gambá. Ainda não se sabe de onde partiu o disparo.
Peritos da Marinha e do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) calculam que o tiro veio de uma posição acima do 2º andar, onde fica a sala em que a médica acompanhava a cerimônia. Segundo os investigadores, o disparo atingiu sua testa e se alojou na nuca.
Gisele era superintendente de saúde do Hospital Marcílio Dias — o cargo é o terceiro em importância no hospital. O g1 apurou que ela estava prestes a virar almirante médica.
Janela da Escola de Saúde da Marinha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, ficou com a marca do tiro que matou médica
Reprodução/ TV Globo