Enchente compromete metade da plantação de grãos no sul do RS
24/05/2024
O sul do estado responde por 20% de soja produzida no Rio Grande do Sul, que é movido pelo agronegócio. Enchente compromete metade da plantação de grãos no sul do RS
Jornal Nacional/Reprodução
No sul do estado, a enchente já comprometeu metade da plantação de grãos.
A subida da água da Lagoa dos Patos traz uma onda de prejuízos sociais e econômicos nessa região. O sul do estado responde por 20% de soja produzida no Rio Grande do Sul, que é movido pelo agronegócio.
Os municípios de São Lourenço do Sul, Jaguarão, Santa Vitória do Palmar e Arroio Grande estão localizados em áreas mais baixas e, por isso, registram os maiores prejuízos. A associação que reúne 23 prefeituras estima perdas de R$ 1,5 bilhão.
"Principalmente, a cultura da soja. 68% do valor do prejuízo está nessa cultura. Depois, temos o arroz, o milho, as hortaliças e o leite", explica Ronaldo Maciel, gerente regional da Emater.
Prefeitura de Porto Alegre contrata, em caráter emergencial, um aterro para despejar toneladas de entulho
Fernando Rechsteiner, diretor da Farsul, explica que os produtores tinham colhido somente metade da lavoura de soja.
"Nós vamos ter, sim, prejuízos extremamente significativos, beirando 60%, 70% dessa área, provavelmente, com perdas de lavouras que não conseguiram ser colhidas e perdas de qualidade de grão que nós teremos em função do excesso hídrico", diz ele.
As inundações na Lagoa dos Patos já encontraram os produtores rurais do extremo sul em crise. Eles já sofriam com dois anos de estiagem, que deixa o solo seco e prejudica a colheita. Agora, plantações inteiras estão debaixo d'água. Em outras, o excesso de umidade no ar e no solo prejudica a colheita. Uma plantação de soja, onde o JN esteve, está totalmente perdida.
"Depois que passar essa chuva que ainda não parou, a gente vai tentar ver o que que sobra. E na pecuária também estamos com problema de falta de luminosidade, excesso de chuva, as pastagens não estão vindo e o gado não está evoluindo, está parado", relata o agricultor Éverci Lobato.
De acordo com a Emater, alguns produtores rurais já acionaram os seguros das lavouras. O problema é que poucos conseguiram fazer as apólices.
"O produtor não teve acesso ao seguro. A seguradora não quis fazer porque nos dois anos anteriores eles pagaram muitos seguros por causa da seca e agora este ano o problema está sendo excesso de chuva", explica Talles Rosa, da associação dos engenheiros agrônomos de Pelotas.
LEIA TAMBÉM
Desastres naturais: 15% das estações de monitoramento de rios no Brasil mandam dados em tempo real
Centro de triagem do Ibama em Porto Alegre é destruído pela enchente; mais de 100 animais silvestres são transferidos
Atletas da Seleção Brasileira de remo abrem mão dos Jogos Olímpicos para ajudar vítimas das enchentes no RS