Miriam Leitão é eleita para a cadeira de número 7 da ABL
30/04/2025
(Foto: Reprodução) A jornalista e escritora tem obra vasta, que inclui a ficção, com crônicas, romance e literatura infantil. Mas a fama veio principalmente de livros que explicam a realidade do Brasil. Miriam tem um olhar diferente porque fala de economia mas não com números e, sim, com pessoas. Miriam Leitão é eleita imortal da ABL
A jornalista e escritora Miriam Leitão foi eleita para a cadeira de número 7 da Academia Brasileira de Letras.
Dos 16 candidatos, só dois receberam votos: o ex-ministro e ex-senador Cristovam Buarque e a jornalista Miriam Leitão. O resultado saiu em menos de meia hora, na primeira votação. Miriam recebeu 20 votos e Cristovam, 14.
Miriam é a sucessora do cineasta Cacá Diegues na cadeira número 7, que tem como patrono o poeta Castro Alves. É a 12ª mulher a ser eleita em 128 anos de história da Academia. O presidente da Academia, Merval Pereira, deu as boas-vindas à nova imortal:
“Ela tem um espectro muito amplo de interesses. Meio ambiente, causa indígena, causa dos negros, e nós estamos nessa mesma sintonia".
Uma comitiva da ABL foi levar a notícia até a casa da escritora.
“Meu sonho era escrever livros, ser capaz de escrever livros. E os livros me levaram até esse ponto, a Academia Brasileira de Letras, que é uma instituição de 128 anos, que tem um papel muito importante na sociedade brasileira, fundada por Machado de Assis, e o papel é preservar a língua portuguesa, proteger o nosso patrimônio cultural", afirma Miriam Leitão, jornalista e imortal da ABL.
Miriam Leitão é eleita para a cadeira de número 7 da ABL
Jornal Nacional/ Reprodução
A nova imortal tem uma obra vasta, que inclui a ficção, com crônicas, romance e literatura infantil. Mas a fama dessa jornalista-escritora veio principalmente de livros que explicam a realidade do Brasil. Miriam Leitão tem um olhar diferente porque fala de economia mas não com números e, sim, com pessoas. Ela escolheu ouvir o povo, saber o que pensa quem faz compras e paga boleto. Sem nunca se contentar somente com as explicações de autoridades ou notas oficiais.
Esse inconformismo acompanha a trajetória da mineira de Caratinga, presa e torturada pela ditadura quando estava grávida do primeiro filho.
“A eleição dela é, de certa maneira, uma dívida que o Brasil tem com ela, de alguém que arriscou a própria vida, a juventude, na defesa da democracia”, diz Rosiska Darcy, jornalista e imortal da ABL.
Nessa época, Miriam Leitão morava no Espírito Santo e começou a escrever em jornais de Vitória. Mudou-se para Brasília e ganhou destaque trabalhando nos principais jornais do país. Em 1991, veio para o Grupo Globo. Atualmente, é comentarista no Bom Dia Brasil, na Globo, e na GloboNews, onde também comanda um programa. Também é comentarista da rádio CBN e colunista do jornal “O Globo”.
Miriam Leitão foi uma das pioneiras no Brasil e no mundo em abordar economia e meio ambiente como assuntos inseparáveis. Esse pioneirismo trouxe a ela reconhecimento internacional. Foi a primeira mulher brasileira a receber um dos prêmios de jornalismo mais importantes do mundo, o Maria Moors Cabot, da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos.
Nesta quarta-feira (30), uma menina que sonhou ser escritora tornou-se imortal.
“Papai mandava dormir e eu ficava lendo. Eu colocava o lenço e ficava lendo lá. Eu sou basicamente, no começo dessa história, uma menina de Caratinga que vivia agarrada nos livros”, conta Miriam Leitão.
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