Com Lula na defensiva por asilo de ex-primeira-dama do Peru, Mauro Vieira faz movimento de blindagem ao presidente
18/04/2025
(Foto: Reprodução) Foto de Abril de 2016 mostra Nadine Heredia, ex-primeira-dama do Peru
Getty Images/BBC
A entrevista do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, nesta sexta-feira (18), um diplomata experiente e habilidoso, sugere que há uma operação em curso para proteger o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com o diplomata vindo em seu socorro, das críticas por conceder asilo a Nadine Heredia, ex-primeira-dama do Peru condenada pela justiça do país.
A responsabilidade pela decisão de conceder o asilo a Nadine Heredia foi atribuída ao ministro Mauro Vieira para minimizar o desgaste político para o presidente Lula.
No entanto, fontes do governo e da defesa de Nadine Heredia já verbalizaram que foi o próprio presidente Lula quem solicitou o salvo-conduto à presidente do Peru, Dina Boluarte, permitindo que a ex-primeira-dama deixasse a embaixada e fosse ao aeroporto.
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Ao aceitar o pedido de Nadine Heredia e enviá-la ao Brasil, o governo brasileiro parece desconsiderar a justiça peruana, que opera em um regime democrático. Essa decisão traz de volta ao cenário político brasileiro os nomes da Odebrecht e da Lava Jato, oferecendo munição para a oposição explorar o tema no Congresso Nacional.
A percepção geral dentro do próprio governo e de aliados é de que foi um erro político, não sendo o primeiro na área diplomática em relação à América do Sul durante o governo Lula, motivada por uma solidariedade ideológica. O governo de Ollanta Humala, marido de Nadine que está preso no Peru, foi considerado de esquerda.
A concessão do status de refugiada a Nadine Heredia pelo Brasil parece ser uma questão praticamente certa, considerando os movimentos já realizados pelo governo brasileiro.
A decisão de trazer Nadine em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) foi justificada por uma suposta necessidade logística, apesar de haver voos diários de Lima, capital peruana, para Brasília e São Paulo.
O governo reconhece que a decisão pode afetar negativamente a popularidade do presidente, reavivando questões ligadas à Odebrecht e à Lava Jato, temas dos quais a campanha de Lula em 2022 tentou se distanciar.
No Peru, o caso de Nadine Heredia também está relacionado à Odebrecht, empresa que operava com um esquema de propinas semelhante ao do Brasil. A defesa de Nadine nega as acusações, alegando que são baseadas em delações. Nadine ainda pode recorrer à justiça peruana.
A jornalista Malu Gaspar, em participação na GloboNews, destacou que um dirigente da Odebrecht entregava semanalmente uma mochila com dinheiro para a campanha do ex-presidente do Peru, entregue diretamente para ex-primeira-dama.